Uma dúvida, e a que mais incomoda os umbandistas é sobre seu orixá.
Nós sabemos que orixá ancestral não é o mesmo que orixá de frente ou
ajuntó. O orixá ancestral está ligado à nossa ancestralidade e é aquele
que nos recepcionou assim que, gerados por Deus, fomos atraídos pelo seu
magnetismo divino.
Todos somos gerados por Deus e somos fatorados por uma de suas
divindades, que nos magnetiza em sua onda fatoradora e nos distingue com
sua qualidade divina.
Uns são distinguidos com a qualidade congregadora e são fatorados
pelo Trono da Fé. E, se forem machos é o orixá Oxalá que assume a
condição de seu orixá ancestral. Mas, se for fêmea, aí é a orixá Oiá que
assume sua ancestralidade.
Uns são distinguidos com a qualidade agregadora e são fatorados pelo
Trono do Amor. E, se forem machos é o orixá Oxumaré que assume a
condição de seu orixá ancestral. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Oxum
que assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade expansora e são fatorados pelo
Trono do Conhecimento. E, se forem machos é o orixá Oxossi que assume a
condição de seu orixá ancestral. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Obá
que assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade equilibradora e são fatorados
pelo Trono da Razão. E, se forem machos é o orixá Xangô que assume as
suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Egunitá que
assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade ordenadora e são fatorados pelo
Trono da Lei. E, se forem machos é o orixá Ogum que assume suas
ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Iansã que assume
suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade evolutiva (transmutadora) e são
fatorados pelo Trono da Evolução. E, se forem machos é o orixá Obaluaiyê
que assume suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá
Nanã que assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com a qualidade geradora e são fatorados pelo
Trono da Geração. E, se forem machos é o orixá Omulu que assume suas
ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Iemanjá que assume
suas ancestralidades.
Observem que não estamos nos referindo ao espírito que “encarnou” no
plano material, e sim, ao ser que acabou de ser gerado por Deus e foi
atraído pelo magnetismo de uma de suas divindades, que, por serem
unigênitas (únicas geradas) transmitem naturalmente a qualidade que são
em si mesma aos seus “herdeiros”, aos quais imantam com seus magnetismo
divinos e dão aos seres uma ancestralidade, imutável pois é divina e
jamais ela deixará de guiá-los porque a natureza íntima de cada um será
formada na qualidade que o distinguiu, fatorando-o.
Alguém pode reencarnar mil vezes, e sob as mais diversas irradiações,
que nunca mudará sua natureza íntima. Agora, a cada encarnação ele será
regido por um orixá de frente (o que o guiará enquanto viver na carne) e
será equilibrado por outro orixá que será o auxiliar (o ajuntó) desse
orixá de frente ou da “cabeça”. Usamos o termo “orixá da cabeça” porque
ele regerá a encarnação do ser e o influenciará o tempo todo pois está
de “frente” para ele. Sim, o orixá da cabeça está á nossa frente nos
atraindo mentalmente para seu campo de ação e para o seu mistério, ao
qual absorveremos e desenvolveremos algumas faculdades regidas por ele.
Já o orixá ajuntó, este é um equilibrador do ser e atuará através do seu
emocional, hora estimulando-o e hora apassivando-o pois só assim o ser
não se descaracterizará e se tornará irreconhecível dentro do seu grupo
familiar ou tronco hereditário, regido pelo seu orixá ancestral.
A dúvida dos “médiuns” e dos umbandistas se explica pela precariedade
dos métodos divinatórios usados para identificar o orixá da cabeça e
seu ajuntó. Daí, vemos pessoas reclamarem que a cada Babalorixá ou
Ialorixá que consultaram, cada um deu um orixá diferente a cada
consulta, criando uma confusão e levando ao descrédito. Esta queixa é
muito comum e não são poucos os médiuns que estão confusos porque uma
consulta diz que é filho desse orixá e outra consulta diz que é filho de
outro orixá.
Nós dizemos isto: na ancestralidade, todo ser macho é filho de um orixá masculino e todo ser fêmea é filha de um orixá feminino.
Na ancestralidade, orixá masculino só fatora seres machos e os
magnetiza com sua qualidade, fatorando-os de forma tão marcante que o
orixá feminino que o secunda na fatoração só participa como apassivadora
de sua natureza masculina. E o inverso acontece com os seres fêmeas,
onde o orixá masculino só participa como apassivador dessa sua natureza
feminina.
Portanto, no universo da ancestralidade dos seres machos, têm sete
orixás masculinos e na dos seres fêmeas, têm sete orixás femininos.
Têm sete naturezas masculinas e sete naturezas femininas, tão
marcantes que é impossível ao bom observador não vê-las nas pessoas.
Saibam que, mesmo que o orixá da cabeça ou de frente seja, digamos, a
orixá Iansã, ainda assim, por tráz dessa regência poderemos identificar
a ancestralidade se observarem bem o olhar, as feições, os traços, os
gestos a postura, etc., pois estes sinais são oriundos da natureza
íntima do ser, apassivada pela regência da encarnação, mas não anulada
por ela. Certo?
E o mesmo se aplica ao orixá ajuntó, pois podemos identificá-lo nos
gestos e nas iniciativas das pessoas, já que é através do emocional que
ele atua.
Outra forma de identificação é através do Guia de frente e do Exu
Guardião dos Médiuns. Mas esta identificação exige um profundo
conhecimento do simbolismo dos nomes usados por eles para se
identificarem.
E também, nem sempre o Guia de frente ou o Exu guardião se mostram, pois preferem deixar isto para o Guia e o Exu de trabalho.
Saber interpretar corretamente o simbolismo é fundamental. Certo?
Então, que todos entendam isso:
. Orixá ancestral é aquele que magnetizou o ser
assim que ele foi gerado por Deus, e o distinguiu com sua qualidade
original e natureza íntima, imutáveis e eternas.
. Orixá de frente é aquele que rege a atual
encarnação do ser e o conduz numa direção na qual o ser absorverá sua
qualidade e a incorporará às suas faculdades, abrindo-lhes novos campos
de atuação e crescimento interno.
. Orixá ajuntó é aquele que forma par com o orixá de
frente, apassivando ou estimulando o ser, sempre visando seu equilíbrio
íntimo e crescimento interno permanente.
Por isso, também, é que muitos encontram em si qualidades de vários
orixás. A cada encarnação há a troca de regência da encarnação. E, nessa
troca, os seres vão evoluindo e desenvolvendo faculdades relativas a
todos os orixás.
Afinal, se somos “humanos”, absorvemos energias e irradiações, magnetismo e vibrações de todos eles. Certo?
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